terça-feira, 15 de dezembro de 2009

se conter não! [poema]

Consigo catar no ar sabor de vida: de que não pertenço a alguém nem a lugar algum; mais que humano, sou existência e estou em ocorrência, permissibilidade de mim em várias perspectivas de direção. Ir, vir, permanecer são leves instantes. Residir é questão de teimosia que logo se sucumbe frente aos caprichos dos sonhos. Desejar expansão é algo que desenha os traços de inconsciente, detentor do poder que controla atitudes ou negação delas. Há forças que constantemente tentam cercear a natureza fluidez, intrínseca ao ser anterior a que me fizeram e que me construo e que me esculpem. O atrito que há na introspectividade choca a idiossincrasia, abala o espelho e traz desestrutura à estabilidade forjada. O mosaico que sou nega a si e aversão surge. Imagem agora é outra, pulula a inquietação, confusa fica a orientação, já não se sabe ao certo o que fazer, especulação é ordem. Sentidos são muitos. Ações poucas. Paralisia. Inércia. Ócio improdutivo. Correntes contrárias tomam fôlego e ora e vez assumem destaque em revestimento exaustivo. Cansa. Basta. Não quero mais a pluralidade. Chega do federalismo. Algum dia terei o uno e assumirei a transitoriedade, renunciando a toda ânsia por posse e co-ocorrendo apenas por meio da singela e imprescindível troca para se suster em cada agora? Ainda não sei. Não domino a razão desse jogo que me faz uma concha saudosista sobre o cimo duma montanha. Ainda ontem pude contemplar o continuo entre luz e lua e lua e sol. Amar é maravilhoso!

País ideal [poema]

Olho pros sentimentos
E pintada está sua figura
Em um ambiente único
Suavidade presente
Distingui-lo consigo do mundo
Por sentir sua alma nuaoriginal
Posso também chamá-lo
Tropicalidade serena
Suas faces são
Ar fogo água e terra
Em iniciação constante
Virgens de odor humano
Talvez nunca se saiba
Mais do que já é conhecido
Acerca de sua natureza
Mas é isso que o torna imponente
Em sua simplicidade consciente
Um exemplo de adaptação
E sobrevivência em humanidades
Cada vez mais sem porto(s)
A brisa continua marcando presença

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mosaico inverso [reflexão]

Formado por diversas e variadas partes menores que, unidas em harmonia, numa lógica de correlação fiel ao solidarismo e à interdependência, formam um ser único e maior detentor de seu desígnio universal: a comunicação de si em direção aos outros por meio de sua imagem produzida, divulgada e consumida, e reproduzida, o Mosaico esbanja personalidade, e beleza, e arte, e pujança. Adiante, é a linguística um outro mosaico do qual não se pode observar essa natureza. Nela, as partes menores (seus ramos, subdivisões, escolas) que deveriam formar um todo se renunciam em repúdia e aversão. Na maioria das ocasiões de encontro entre essas unidades, há agressão mútua, causando a discórdia e até mesmo invocando a ignorância recíproca, o que, por sua vez, conclui-se como desencontro, negando a essência do mosaico; fenômeno esse causado pela vaidade, disputa de poder e busca de prestígio estritamente individual. Eis aqui a linguística: fração do saber em crise epistemológica e ontológica que se encontra no mal-estar de conhecer a si como algo que transita errante-cambaleante na dúvida de ser/estar ideologia ou a aglomeração de crenças que se questiona sempre: quem sou? E nas muitas respostas, se perde, nunca se acha. Muitas outras perguntas surgem. É a linguística a representação do humano mais que demasiado, o pós-moderno. Língua é vida. Qanto tal, insatisfeita de si.

03.04.2009 Diógenes silva

segunda-feira, 6 de julho de 2009

NA MESMA [poema]

Eu desejo muitas coisas... Eu queria tantas coisas... Eu tenho poucas coisas. Eu conquisto quase nada. Parece que meus esforços são em vão. A cada dia, me sinto enfraquecer, estou perdendo a força de sonhar a coragem de lutar. Quase não tenho mais iniciativa. O ócio improdutivo é minhas horas.vejo o dia correr veloz, e continuo na mesma: frustrado e insatisfeito. Não sei o que agora quero e o que devo fazer. Muitos dizem que sou inteligente e que há potencial em mim. Mas não sei onde e pra quê ao certo. Atiro pra todos os lados e em nada me firmo. Vivo de migalhas e humilhações. Me faço coitadinho de mim para mim. Subsistência são meus ganhos. Ai... Onde está aquela pessoa de outrora? Por que tudo parece ser mais difícil logo agora que possuo mais? Talvez o problema seja... Serei eu um eterno vazo brocado? Já tô quase no meio de mais um ano e na metade da metade dum centenário. E nada sei pra que sirvo ao certo e não vejo onde minha soberba acha suporte para ser e estar.

DIÓ. SSA-BA, 11.04.2009