sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Do sofá [poema]

do sofá olhava a rua...
muita gente, muita agitação
e em casa apenas o silêncio corrosivo
de quem só aguarda passivo
à mercê da tortura duma mente criativamente criminosa
e a esperança de tê-lo mais uma vez 
me alimentava em ilusões
recorria a lembranças dum passado maravilhoso
pintava uma figura, escupia um sujeito, fantasiava, delirava
esboçava sorrisos débeis a fim de fugir 
da tortura de quem não tem notícias
quantas vezes o celular, o telefone, a internet, a janela, a porta
eram todos, era tudo, menos quem esperava
quantas vezes tive o impulso de descer de minha torre intocável
e ir ao povo à procura de quem não se sabe por onde buscar
ignorância total, indiferença absoluta
e toda a arrogância já tinha sido diluída
toda vaidade já tinha sido esfacelada
toda resistência, vencida
totalmente vulnerável, irreconhecível
até as lágrimas já tinham me abandonado
solitário, só me restava acreditar na Morte
e, num derradeiro momento, ouvi o inesperado
"Pai, cheguei! Que dia cansativo. 
O que foi, por que me olha assim?"
E o abraço forte foi a resposta que não queria ter fim
afinal, o adeus é  mais que certo; é inevitável
mas o encontro é tão incerto
quanto tentar medir o amor que está em outro coração.

Diógenes Pereira. SSA-ba, 16/12/2011





Onde se chega em doação [poema]

Já era dia
e o Sol se apresentava com seus primeiros braços ainda tímidos
mas inconfundíveis pelas frestas da cortina traidora,
 anunciando mais um dia somado à Vida
e o abraço apertava mais forte
como se tentasse burlar o tempo
congelando aquele momento de compartilhamento
sobre o leito, tinha apenas um corpo e uma só alma
fundidos pela vontade única de provar o sabor que
só se resgata por meio da servidão permitida em reciprocidade 
e os dedos iam sorrateiros, cheirando cada passo dado
fazendo do espaço além das pálpebras um mundo criativo em 3D
e a boca também acompanhava
vinha raspando seus lábios carentes sobre as costas
que os recebiam com o convite do corpo aberto
louco para ser explorado até a exaustão
pitoques de beijinhos salpicados por pequenos e intensos
puxões sobre a carne rija
que tremia, denunciando sua fraqueza ante a fome do predador
as pernas se entrelassavam, despenteando os pelos suados
e a dança ia completa de acordo com o som ritmado
das respirações ofegantes e dos corações em infarte desejado
a vontade maior era ter um por dentro do outro
mais próximos, o peito casava com as costas
firmando sua posição ativa
os sussurros falavam por si em gritos abafados
os rostos se encontravam
e completavam a festa ao notarem a vaidade da posse em
doação mútua
crescente, as sensações provocadas 
iam inflando mais e mais o que ia irromper em breve
e muito breve a explosão veio em simultâneo
era o gozo que se apresentava em pico
descansados, ambos rolaram para o lado
e o entreolhar confirmava o sonho vivido
 em desejos corajosos
e uma mão veio à face, toque sutil
em resposta, a boca se arriscou e assinou a gratidão
com um delicado beijinho sobre a testa e depois sobre os olhos
e os narizes se animaram em alternar passos entre si
e o mundo? esse era apenas aquele momento
nada mais importava a não ser a companhia
daquele que fazia de mim mais que um homem
O Animal gozado pela marca daqueles que
se jogam na descoberta do desconhecido
por meio do encontro incerto de conveniências distintas,
que, naquele momento, firmavam acordo comum:
prazer, simples assim: prazer!

Diógenes Pereira. Ssa-ba, 16/12/2011





terça-feira, 13 de dezembro de 2011

QUANDO O ENCONTRO SE PERMITE [POEMA]

despertei preguiçoso, num suspiro tão profundo,
chamando a cada músculo de acordo com a vontade deles,
sentindo toda a dimensão do corpo que anseia
e o sorriso manhoso dizia tudo e mais um pouco
e os olhos cerrados, nas entre linhas,
reviviam os momentos de entrega completa,
sem esperar, o desejo retorna
e quer buscar o que a vontade exige
e a alma logo sentiu a ausência do calor
num impulso único,  a mão correu o outro lado da cama
e nada encontrou
foi a vez dos pés procurarem em outras partes
nada outra vez!
o susto logo trouxe arrepios
num giro, explorei todo o quarto
onde está? para onde foi? o que aconteceu?
coração abandonou a paz daqueles que tem a cresça
cega de que possui o amor
e não acreditava: não foi um sonho! foi real! estava aqui!
senti, toquei, provei!
saltei num pulo e em dois passos,
as funções essenciais voltaram ao estado de quase paralisia
os pés não tocavam o chão
a respiração só buscava seu cheiro
que faz da mente lugar vazio de racionalidade
e o barulho renunciou sua voz
e lá estava, em pé, debruçado sobre a pia,
apenas conversando com o narciso
de cá, observava bobo o que em posse ilegal pertencia
aos domínios de minha fome
necessidade de compartilhar o que só se divide com aquele
que parece que não existe de tão raro que é
por trás, o encontro se consumou
os pelos eriçados de corpos perfeitos encaixavam as linhas sobre as curvas
 e o que não se ensina passou a ditar os movimentos
bem juntos, as mãos dançavam sobre corpo quente
e a face de barba rala marcava seu caminho
espetando deliciosamente o dorso, a nuca, raspando a orelha
dando a volta para que os lábios se encontrassem
em uma só boca
o ar já era vapor
e ali mesmo o espelho embaçado assistiu ao que muitos só
têm em delírios de sonhos e fantasias...


Diógenes Pereira. sSA-BA, 13/12/2011





quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Memorial de formação [textos acadêmico]


Universidade Federal da Bahia
Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística
Rua Barão de Geremoabo, nº147 CEP: 40170-290
Campus Universitário – Ondina, Salvador-BA
Fone/Fax.: (71) 2636256   E-mail: pgletba@ufba.br



Diógenes Pereira da Silva



MEMORIAL DE FORMAÇÃO



SALVADOR, 27 DE OUTUBRO DE 2011






DIÓGENES PEREIRA DA SILVA




MEMORIAL DE FORMAÇÃO

Memorial apresentado ao Curso de Letras –      Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, da Universidade Federal da Bahia,  como um dos pré-requisitos para a seleção do Mestrado Acadêmico.



SALVADOR, 27 DE OUTUBRO DE 2011


1 Trajetória até a Universidade

            Derradeiro entre cinco filhos homens, de origem humilde da periferia soteropolitana, com mãe dona de casa e pai mecânico – ambos com baixa escolaridade –, sempre tive grandes ambições, e poucos recursos. Estudei sempre em escolas públicas. E sonhei muito adentrar numa universidade de qualidade, o que me possibilitaria ter outra realidade daquela que era comum à minha família, amigos e conhecidos.
            Tentando concretizar uma ideia de unificar a língua portuguesa, esboçado ainda na sexta série do ensino fundamental, busquei de muitas formas resposta para aquilo que me intrigava: como a língua portuguesa poderia ser tão diferente nos países onde ela é falada se ela é uma só língua? Até que, no ano de 2002, sem ter mais como caminhar sozinho, enviei cartas para vários órgãos. Entre eles, Ministério da Cultura do Brasil e de Portugal, Academia Brasileira de letras, Academia de Letras da Bahia, Centro Cultural de Belém (Lisboa) e Ufba. Da última, tive resposta mais significativa. Lembro que quem me recebeu em entrevista foi a Professora Sonha Borba, que ficou admirada com minha obstinação. A partir daquela conversa, percebi que fazer letras era mais que uma opção; seria a escalada para um futuro melhor.
            Finalizando o terceiro ano do ensino médio, com apenas 18 anos de idade, decidi estudar para o vestibular. Cursava o ensino médio à tarde no centro da cidade e, à noite, ia a um bom cursinho intensivo por quatro meses – era estudante bolsista. – Também fiz um ótimo curso de português nos fim de semanas como bolsista, para o qual ia andando, cerca de 8 quilômetros de ida e volta.
Chegado o período, prestei vestibular para a Uneb, Ufba e Uefs no final de 2002 e início de 2003. Mesmo tendo muito medo da mistificada prova da Ufba, que naquele ano tinha uma temida inovação (a prova discursa na segunda etapa), consegui passar em terceiro lugar nela e em segundo na Uefs, ambos para o curso de Letras.

2 Na Universidade Federal da Bahia

A Ufba era um sonho que se realizara! Lembro que foi um dos melhores momentos de minha vida. Muito novo, bastante inexperiente, tudo era novidade. Muita coisa me deixava animado, contudo a alegria logo cessou devido às dificuldades.
Sem dinheiro nem apoio de familiares e amigos, não tinha dinheiro nem para o transporte diário! A solução foi ir andando, cerca de 10 km de ida; a volta era por meio de “caronas” no transporte público.
Dificuldades à parte, fiquei muito chocado com as aulas de Teoria Literária e muito animado com as de linguística. Até meados do curso, tudo indicava que concentraria meus estudos em língua. Contudo, meu perfil questionador e filosófico me conduziu para a Teoria Literária. Tinha me encontrado. Conseguia dar espaço para minha mente inquieta.
Consegui também arrumar tempo para os estudos e a militância estudantil. Fui membro do Centro Acadêmico.  Mantive bom nível nos estudos. Concluí meu curso em tempo hábil de 8 semestre corridos com bom aproveitamento.
Apenas o fato de estudar na Ufba me legou oportunidades. No primeiro semestre, provei a experiência de ser professor pela 1 vez, a qual não parou mais. Dei aulas em muitas escolas durante o período em que era estudante. Entretanto, a maior experiência foi ser auxiliar de produção do famoso programa de televisão Aprovado!

3 Após a formação acadêmica
             
 Logo após a formação acadêmica, a realidade me chamava. Tinha que conseguir um emprego já! Fui contratado para trabalhar como produtor de jornalismo na Tv Camaçari. Cerca de 4 meses depois, saí. Fui convocado pela Polícia Militar para ser soldado. Tinha acabado de passar no concurso, mas não demorei a sair de lá. Como o regime militar é extremamente rígido e autoritário, não me adaptei. Em seguida, fiquei cerca de 4 meses desempregado, estudando para concursos públicos. Por fim, passei a trabalhar na Escola Sartre COC. Dei aulas em outras escolas também, inclusive na Rede Pública de Ensino (Prefeitura e Estado).
           
4 Pretensões

            Ao longo desses quatro anos desde que me formei como Bacharel em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia, sempre tive em mente a vontade e o desejo de prestar seleção para o mestrado e dar continuidade à carreira acadêmica. Impedimentos da vida, todavia, não me permitiram concretizar esse objetivo.
            Estive, sim, afastado do meio acadêmico durante esses quatro anos após minha formação em Letras, mas nunca deixei de ler, estudar, pensar, refletir e produzir. Escrevi e continuo produzindo muito, desde poemas, crônicas, artigos de opinião até contos, livros didáticos e romances (em construção) . Divulgo-os no meu blog: http://dionuance.blogspot.com/
            Levei muitos tapas da vida. A cada um deles, convencia-me que meu lugar é na Academia! Agora chegou o momento de tentar voltar ao rumo que escolhi desde que esbocei meu primeiro projeto acerca da língua portuguesa, lá na sexta série do ensino fundamental, há cerda de 13 anos.
Estou convicto de que este é o momento. Organizei minha vida de tal modo que o objetivo de ingressar e estudar no mestrado da Ufba é a maior de minhas prioridades a curto e médio prazo. Creio que tenho muito a contribuir para a pesquisa acadêmica com meu perfil crítico-analítico, sensível, criativo, inovador e questionador. Tenho fome de conhecimento e muita facilidade de aprender. Gosto de desafios. E creio que o mestrado na Ufba vai ser uma experiência vital para minha vida tanto profissional como íntima – realização como sujeito.
Conquistando o mestrado acadêmico na Ufba, a ambição é o doutorado, o pós-doutorado, o concurso público como professor universitário e a pesquisa a longo prazo. Sei que dificuldades me aguardam, mas desafios sempre foram presença em minha vida. Esse fato só me fez amadurecer e crescer. Medo, às vezes, tenho, contudo a vontade de vencer é muito maior.

NOTA: 

ESTE TEXTO FOI ESCRITO EM APENAS UM ÚNICO DIA, COM MENTE MUITO CANSADA. NÃO HAVIA MUITO TEMPO PARA ENTREGÁ-LO COMO UM DOS ITENS EXIGIDOS PARA A INSCRIÇÃO NO PROCESSO SELETIVO DO MESTRADO DE LETRAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. LOGO, PEÇO DESCULPAS PELA SUA MEDIOCRIDADE CRIATIVA.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

QUEM SOU EU - PARTE II [TEXTO ABSTRATO]



Penso, logo me confundo e não paro de me interrogar e perguntar. A dúvida angustiante e interminável é o agora sem fim, que me leva ao cárcere de uma prisão sem muros: o sujeito que sou, não sou, penso ser, sonharia ser, querem que eu seja, desejam que eu não seja, me forçam ser, me esforço para ser, trabalham para que eu não seja, labuto e teimo para ser; e estou por vontade, desejo, sugestão ou imposição do interno ou do externo ora em conflito mútuo ora em cumplicidade conjugal, na voz dum eu verdadeiro, dissimulado, artista, pedinte, puta, mendigo, Irmã-Dulce, Hitler, dramático, trágico, cômico, lírico, épico, piegas, covarde, sanguinário, assassino, suicida, singular, plural, trivial, burlesco, vil, torpe, mesquinho, tacanho, demoníaco, herói, vadio, boêmio, marionete, ativista sob os limites incertos e confusos de um corpo andróide que é o humano.

Dió. ssa-ba, 29/11/2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DITOS E DITO [POEMA]


Existe tempo de mudanças?
Não. A mudança é o próprio nascimento que a morte espreita arrogante.
De sonho ou deslize, uma nova história começa a ser desenhada
com tinta incerta sobre base confusa.
Do embrião ao cadáver, tudo sempre está se transformando;
até aquele e aquilo que acredita ou é pensado estar parado no tempo
muda em sua preguiça natural.
Olhar pro vizinho e ver sua ação dali, e você de cá sem movimento que produz,
só faz trazer a inveja como animal de estimação.
Por que ele, e não eu? Olha aí a pergunta que ganha voz.
Você se acha mais nobre?
E o que você me diz de suas vergonhas disfarçadas sobre sua hipocrisia
Carnavalesca?
E os amigos, por onde andam?
Ah, eles se escondem; basta você recorrer a eles em necessidade.
Quem não está só hoje?
E mesmo assim vemos o teatro da felicidade nas fotos e nas palavras de um bocado.
Rir, gargalhar... Não vejo algo melhor ante tanta sacanagem.
Por que não simplificar tudo, né?
Trabalhar pra quê? Estudar para quê? Por que ser útil?
Quanto mais se tem, mais se quer.
A busca por mais e mais só nos tira.
Parabéns aos ignorantes e estúpidos. Eles, sim,
Sabem o que é  a felicidade do cão que só espera pelas horas de comer.

Dio. 25/11/2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Entre nós [poema]


Precisa confirmar alguma coisa 
você não percebe 
O tempo é de mudança e transformações
muitas coisas chocam causam nojo  indignação repúdio  ódio
outras nos dão medo pena susto espanto perplexidade
não tem mais família e todos são estranhamente inimigos
infância já brinca de adulto
o prazer já é o ter 
possuindo mesmo em ócio improdutivo
trabalho é a razão de viver
 o dia é um rápido segundo

fingir é a verdade
o lar é a prisão
insatisfação é o desejo
a vaidade é a masmorra que grita em cantos
os olhos indiferentes cinicamente gargalham 
em silêncio delicioso mediante dor alheia
e o sorriso é apenas uma frágil maquiagem da desgraça
tudo parece nos levar à dança da cadeira 
e nesse jogo o ganhador levanta seu troféu
mas não tem com quem compartilhar sua felicidade
Existe prazer vigoroso em ouvir apenas sua voz
de sociedade estamos nos transformando em galinha sem galinheiro

ainda acredita que você é alguém significante entre tantos bilhões
e que merece prioridade em detrimento dos anseios do outro
pena o mundo parece ser tão maravilhoso
contudo começamos a degradá lo aqui dentro
de mim pra você de tu para ele de nós para a gente
mas não é o fim
um começo está nascendo e se criando sadio em suas pretensões
e os filhos da mudança já estão em todos os lugares
acorde ainda dá tempo para sentar e tocar as mãos

Diógenes  ssa ba  09 10 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

ENTRE CÃES [CRÔNICA]


Já passavam das 23 horas. Estava preocupado. Tempo ia fácil, e condução não chegava. Há pouco, muita gente; momentos depois, apenas eu e mais alguns. Madrugada já começava a dar seus sinais. Ansiedade já me consumia faminta mais uma vez!
O jeito foi me resignar. Esperar passivo por algo que desconfio: a sorte. – Eu consigo? – Pra me distrair, comecei a varrer com os sentidos toda volta. Nada de novo – por que justamente a busca pelo novo? –; apenas o trivial que passa despercebido. Péra! Que passava... Parei logo na coisa mais indigna para minha ambição no momento. E surpresas fantásticas emergiram do inesperadamente singelo.
            Estavam num movimentado entroncamento de vias. Cães de rua. Puros viralatas. Andavam livres, super à vontade com tanta gente e bastante carro em todas as direções. Provavelmente nascidos ali, já estavam acostumados com toda agitação, estresse e confusão do lugar. Eles faziam parte da paisagem; eram a imagem viva! Definitivamente! E, entre eles, dois, em especial, me roubaram a carisma.
            Uma fêmea e outro que não consegui identificar o sexo. Aparentemente saudáveis e cheios de vigor, perambulavam menino e garota prum lado e pro outro. Vaidosos e cheios de si, saltavam, se mordiam, se cheiravam, cheiravam, se lambiam, se divertiam, se reconheciam, reconheciam, desbravavam, guardavam o que sabiam ser seu, paravam e se coçavam; viviam... Faziam tudo isso ignorando todo o mundo estressado e confuso dos humanos. Aquilo ali para eles era a natureza, a selva, a outra floresta, seu habitat. Havia de tudo. Só não tinham monotonia nem chatice. Tudo era alegrias em novidades.
Melhor que muita gente, os viralatas cruzavam as vias no momento certo. Sabiam os limites das ruas. Tinham fé que a calçada e o canteiro central lhes livrariam da morte matada por atropelamento. Paravam na hora certa. Esperavam pacientes os automóveis passarem. E, só depois da via livre, atravessavam em segurança, mas sempre correndo. Adaptados. Dominavam o pedaço. Imperadores!
Fantasia?  Delírio? Romantismo? Não mesmo. Realidade! Fato visto, apalpado e aprovado!
Que novela agraciava os olhos da alma e preenchiam as mãos do espírito... Vi a Felicidade bem de pertinho. Ali. A poucos metros. Simples. Bem no miolo daquilo que jamais esperaríamos encontrar a tão aspirada Felicidade. Era pobreza e miséria sem meias palavras. Mesmo assim, a Paz estava com os cachorros. Quem poderia imaginar, né?!
O corpo foi relaxando, se animando com o prazer alheio, que tinha sido presenteado a mim numa surpresa linda. Portanto, eu já fazia parte daquela festa. Conectados. Uma coisa só. Não tinha como evitar. Apenas sorria como um tolo e ingênuo. Um puro de coração.
Era lindo de assistir! Inteligência. Companheirismo. Amizade. Amor. Era sincero. Muito mesmo! E foi na labuta de um grupo de cães de rua que encontrei respostas para muitas das lamentações do humano (demasiadamente ou não).
Nunca desejei tanto a pobreza e a simplicidade. Aquilo era o verdadeiro retrato da plenitude. Tão pouco, quase nada, e tudo ao mesmo tempo. Realização. Contradição matemática na qual a subtração resultava na soma! Bendita seja! Não existiam dúvidas que quanto mais ignorante e miserável, mais feliz e em paz consigo e com o mundo se está e se é.
Preocupações zero. Eram os cães. Poderia ser eu também – por que não você, todos nós? – para isso, basta ousar.  Apesar de o passo para transgredir nos parecer difícil, doloroso, inseguro, incerto, após a iniciativa, eu e você já seríamos outros com certeza. E não só sorrisos seriam nossa cara; os risos seriam nossa personalidade!
Quem dera se do lado de cá os humanos fossem como cães do lado de lá; pelo menos como esses viralatas. E ainda chamamos eles de animais; animais irracionais. Hora de rever conceitos, hem!
A Natureza é sábia e a Criação é fantástica! Parabéns.

Dio. Ssa-ba, 17.09/2011.

sábado, 17 de setembro de 2011

OS TRINTA [POEMA EM PROSA]


Os trinta já se aproximam... Parece pouco para uma vida; apenas ilusão de juventude. O que fiz, o que tenho, o que conquistei, o que vou fazer? Essas são autoindagações que são o cafédamanhã, almoço e janta. Contudo, algo é mais significante. E é justamente o tempo que reclama. Coisas que há pouco não se queria. Um sonho. O sonho! Vontades e desejos... Entre as viravoltas da rotina, não tem como ignorar. A mão corre solitária. O corpo saudável já está em estado puta! E mente diz não. É sacanagem pura aceitar a verdade que existem bilhões, e apenas você para provar de sua intimidade. O momento é de doação, mas a quem? Não vem, nunca chega. Até que vem... Em devaneios da imaginação. Irrealidade é a realidade quando os olhos se fecham, o corpo esquenta e o gozo cala tudo. A procura aumenta. A resposta é a mesma. Coração lamenta. E noite é solteira mais uma vez. Apenas um beijo, apenas uma aconchego, apenas um toque, apenas um olhar, apenas um oi. Carência é a força. E sardinha passa a salmão.  Nesta hora, o revólver até aponta para a presa errada, mas não abate nada. Caçador volta pra casa e faz da mão sua amiga. Quem sabe amanhã não será de fato outro dia... E assim esperança não cansa de revezar com resignação. Amigos, e solidão. Certeza: um dia a morte vem.

Dio. Ssa-ba, 17/09/2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre as folhas de bananeira [texto abstrato]


De fato, a vida é efêmera. Cada instante não tem par. Quando esse é alcançado pela sensibilidade, algo extraordinário acontece. O humano único e cindidamente forjado cede lugar ao humano conectado a uma única coisa só. Confusão de sensações numa infalível certeza espantosamente consciente de si e de outras tantas coisas. É vida! E, quanto vida, existe o belo em absolutamente tudo. Não ocorre exceção.
A noite é agradável. Fim de inverno nas terras deliciosamente aquecidas daquilo que se poetiza Bahia. O ar corre o corpo por todo, dando um banho relaxante com seu frescor. Se foram as armas. Estou sendo preparado em preparando. O melhor estar por vir. O que em volta há pouco era apenas componentes de paisagem, ganha liberdade e vez. Tudo é senhor de si no interior fantástico e intricadamente interligado. A criação!
O céu ganha veste azulvioleta. Poucas nuvens e ausência de estrelas. A Lua vomita sua soberba e arrogância. Gananciosa e dominadora, mergulhada em vaidade, ilumina o espaço. Ora nuvens passam, encobrem ela totalmente; ora, parcialmente. Sensualidade. Jogo emocionante e sedutor. Por fim, vence a força e a beleza. Lua cheia. Personalidade.
Luz cai sobre seres. Fantasia. Romance. Os limites das criaturas são premiados com outras qualidades. E, sobre as folhas de bananeiras, encantadas pelos raios do Sol noturno, constato que não existe gratuidade. O prazer faz parte, sim, da existência.
A noite mostra seu poderio. Beleza chega com pujança, guarnecida daquilo que mais traz medo. O desconhecido. Desconhecido incrustado naquilo que não se pode ver nem reconhecer. Escuridão.
 O preto ganha cor. Lençol de luz prateada debilmente bronzeia tudo que aqui em baixo está sujeito aos caprichos da incompreendida. Gravidade. Prisão é motivo de sorrisos. Vozes e movimentos vários saiam de todos os lados. Criaturas noturnas faziam seu carnaval. E medo casa com coragem. A festa segue seu embalo.
Alma relaxa e espírito se parte em muitos pedaços... Quanto mais, tanto traz. A hora é do gozo. Gozando, vou além, percorro outras distâncias e mais me aproximo daquilo que menos conheço e mais me maltrato sob os murros da incompreensão burra e covarde. O interior indecifrável de imagem no espelho.
Eu. Você. Ele. Nós. Todos. Tudo. O riso se mistura ao choro. Como é gostoso estar vivo e ter certeza que a morte é mais que certa; está aqui, aí, ali, em toda parte.
Acabei de ver um beijaflordanoite...

Dio. Ssa, 11/set/2011.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

GENUÍNO [CRÔNICA]


Alguém consegue escapulir da rotina constantemente, todos os dias, toda hora, sempre ou, no mínimo, na maioria do tempo? Acho muito difícil. Infelizmente (ou felizmente), nossa vida está estrutura em afazeres que se repetem. Não seria eu o estranho ao extremo em face dessa  lei – bem que queria, não posso negar! – Então, me resta, resignado em agitação modorra, executar a tão chata rotina...

Terça-feira de começo de mês. Após uma manhã exaustiva de trabalho, outro dever entre muitos me chama: honrar dívidas. Vou eu pro banco. Como sempre, a lei municipal dos 15 minutos não é respeitada lá. Fico eu em pé numa fila interminável por cerca de uma hora... Para passar tempo, lanço mão da conveniente intimidade com o estranho que o soteropolitano tem. Converso com um e com outra na fila mesmo despretensiosamente. Papo vai longe... Quem vê à distância, pensa que somos amigos de tempos. Risos, toca aqui, pega ali, perguntas privadas... Só mesmo baiano do recôncavo para tolerar tanta intimidade!

Distraído na “entrevista” fora de hora (aleluia!), algo me pega os sentidos. Uma mãe me chega e se senta com seu filho de uns 5 anos numa cadeira bem ao meu lado. A mulher quase que ignora a chatice de estar num banco lotado, polar e consternador. Se volta aos cuidados de seu  filhote. Beijos, carícias, abraços, mimos delicados em constância. Parecia mais uma amante fielmente apaixonada por seu dominador impiedosamente soberbo, arrogante e cheio de vontades e manhas.

Simplesmente, a dedicada mãe criou a redoma materna na qual a sua prole era o núcleo que jamais foi, pode ou será perturbado. Incrível! A dona não largava o lindo garoto por nada. Criaturinha charmosa, uma graça.  Criança formidável, repleta de saúde e rica de todos os bens que sua pobre mãe poderia lhe ofertar.

O guri deveria parecer muito com o pai, pois da mãe só tinha os olhos pedintes numa arrogância intolerante que encantava... Coisa de filho único ou caçula. Logo, concluí que o procriador da criança deveria ser um homem muito importante para aquela mulher humilde. A criaturinha era simplesmente tudo para ela. Isso estava no ar, nos olhos dela, no toque dela, no abraço dela; fato indubitável!

E, como toda criança, não aguentava ver nada que pedia. Um baleiro era mais que tentação, era o terror para ambos (ele que pedia, e não teria; e ela que tinha a única opção: negar sofrivelmente, desconsertada em sua falta de dinheiro). E eu, de cá, já estava muito encantado com o garoto e, sobretudo, com o comportamento fantástico da mãe. Ela não parava de dar amor espontâneo ao seu fio. Lindo demais!

Confesso, não sou muito achegado a crianças, mas o amor que ela unia a mãe me tocou. Não pensei muito. Fui direto pro baleiro e comprei o doce de 2 reais e presenteei: Olá senhora, tudo bem? Vi que seu filho queria muito isto. Tome, dê para ele. Não moço. Não precisa, não. Deixa de bobagem. Vamos, pegue! Muito obrigada. Deus lhe pague. E senti nos olhos e nos risos que se seguiram a satisfação de ambos. Gratificante!

Deixei que eles dois curtissem o momento. Amor. Depois, me aproximei outra vez e fiz um elogio sincero à mãe: Senhora, você está de parabéns. Hoje é muito raro ver alguém com tanto cuidado com seu filho. A falta de amor e compromisso com o próximo somado ao completo egoísmo, ganância, vaidade e intolerância dominam o mundo. Todos vivem estressados e sem tempo. Só querem saber de si. O que importa é dinheiro, sucesso e status. A senhora e seu filho são o contraste que o mundo precisa! Vejo em vocês um verdadeiro oásis nesse deserto que é a humanidade. E ela só fez agradecer timidamente. Certamente na estupidez enciclopédica dela, não compreendeu tudo o que eu lhe disse; porém, sentiu que eu estava lhe acariciando com palavras genuínas frente a um comportamento genuíno. Lindo! Simplicidade que me fez ganhar a semana sem dúvidas! Mais uma experiência que somei. Sorriso e risos... Satisfação!

Dio. Salvador, 30/08/2011.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ESPECIFICIDADE [REFLEXÃO]


O coco é duro, a cabeça também.
Com força ou destreza, podemos quebrar.
Do coco sai leite e água, refresca e dar prazer;
da cabeça escapole apenas miolos, que de nada servem, e ainda causam ojeriza, repulsa e asco.
Observo à máxima: “Cada cabeça é um mundo.”
Vou além: cada cabeça é a possibilidades de múltiplos universos confusamente indecifráveis para o tolo que tenta compreender.
Se de mim há muitas perguntas para as quais não existem respostas, respostas ambíguas, frágeis e/ou duvidosas, imagine as supostas respostas que vêm de um outro, o qual foge de minhas delimitações de pessoa! Espantoso não é se aterrorizar com o comportamento alheio; absurdo é acreditar que há sensatez na ordem do humano.
Se um dia eu conseguir decodificar e codificar seus movimentos, paz não terá sentido. Por quê? Simples, sua irmã já não mais existirá, logo sua seu par oposto não mais suscitará sua existência. Tudo será paz. E como o extremamente comum é imperceptível, quem notará a ausência da violência?


Diógenes Pereira. 01/08/2011.



domingo, 3 de julho de 2011

Para que me serve? [POEMA]

Escrevo poemas sem poesia
Textos líricos poéticos só saem
de gente rara e difícil que usufruiu do Amor!
Não sei o que Amar
Já vive ilusões, cheguei supostamente perto:
sentimentos errantes, intensos, confusos, dolorosos
aqueles que acreditaram numa correspondência alimentada por Loucura!
Loucura, sim; essa eu tenho de sobra.
Não é à toa que consigo  ver beleza em tudo
Até na Dor e na Coisa
Fato: para que me servo o ato de escrever?
Você tem a resposta
porque a cada dia desconfio do meu próprio talento
esse que já é duvidoso pelas suas próprias curvas, cheiros, textura, sabor
Seria bom se nem morte nem vida existissem; apenas a inexistência...

Diógenes Pereira. SSA, Ba 03.07.2011


sábado, 2 de julho de 2011

Momentozinhos... [PENSAMENTOS]

EXTRAí DO MEU FACEBOOK ALGUMAS PALAVRINHAS QUE POSTE NOS ÚLTIMOS DIAS. COISAS DITAS DE FORMA ESPONTÂNEA, POR IMPULSO DE MOMENTO MESMO. LOGO, ESTÃO TODAS NA ÍNTEGRA, SEM ALTERAÇÃO ALGUMA, INCLUSIVE COM SUPOSTOS DESVIOS GRAMATICAIS EM FACE DA NORMA.



(1) Muitos têm a ilusão de que a consciência, a lógica e a racionalidade são sempre nossas aliadas. Engano! Assim como uma droga medicamentosa, elas, produto da mente buliçosa, pode agir contra ou a favor de nossas conveniências mais primárias e essenciais, como o amor e amizade, por exemplo. ‎(2) Somada à insegurança e ignorância, a mente tende a devanear e especular demais, ultrapassando os limites do fato e indo repousar nos rincões do absurdo! Resultado: mais medo, muitas vezes repulsa e retração em si. A fuga ou extermínio do que nos traz pavor é logo um instinto; um movimento suicida - diga-se de passagem! Então, o que fazer? Ponderar outra vez. (3) Dá o voto de credibilidade ao incrédulo. Sei o quanto é difícil crer em outro ser que não compartilha das mesmas paranoias que o nosso próprio ser, mas seria essa uma ótima oportunidade de promover o amor e, por extensão, o altruísmo genuíno. (4) Além de nos promover paz e forças para combater um dos nossos maiores inimigos mais que pessoas, unipessoais: nosso próprio ser, nossa mente muitas vezes doentia e algoz! Sorria, um bom riso faz bem não só para o espelho, e, sim, para tudo e todos. Bom dia para todos! hOJE, 02.07.11


‎(1) Tempo. Sempre aprendemos que há passado, presente e futuro. Contudo, o tempo de fato vivido é unicamente o agora. O passado e o futuro só ocorrem por meio da lembrança e da ficcionalização da mente, respectivamente. (2) Todos, por sua vez, possuem sua importância na construção das relações forjamos; seja elas entre nós (humanos e não humanos), seja entre tudo que nos circunda e atravessa, seja com aquilo que nos parece mais místico e confuso: nossa introspectiviade, o ser interno de cada humano. Até aí tudo bem. (3) O problema, contudo, é o seguinte: deixamos de vivenciar momentos únicos da vida ao darmos muita importância, além do necessário, ao passado (lembranças boas e ruins) ou ao projetarmos e visionarmos demasiadamente um futuro, que, por si só, é algo incerto. ‎(4) Consequência: acabamos por perder momentos em que poderíamos tangenciar felizes a tão desejada Felicidade. E esses instantes perdidos não possuem volta, pois cada situação é única, e não se repete jamais da exata forma, intensidade e substância.
(5) Já parou para pensar, portanto, que a vida é feita de momentos, circunstâncias, instantes? E que eles quase que sempre não detêm nossa merecida atenção, a não ser quando nos damos conta de que aquilo era bom já quando ele passou e estamos num momento triste (o da perda, o da cula, o do arrependimento)? Pois é. Ação já! Às vezes, pensar demais faz com que percamos o voo das 7! rs 01.07.11




Creio que o radicalismo e a precipitação não são bons. Em vez disso, pensar, refletir, esperar, ponderar e ter noção de dosagem é uma atitude sábia. Contudo, o problema é sair da teoria e cair na prática! Erros serão inevitáveis... Contudo, se não sair pra coleta, a abelha não terá mel. Façamos cada um aquilo que justamente atiça nosso medo, claro cada qual em seu tempo. O que vale é se movimentar...  30.06.11 


Você já conseguiu se imaginar numa prisão sem muros, onde não há nada físico que lhe impeça a fuga, mesmo você ansiando pela hora da tão desejada liberdade? Parece absurdo, não é? Não é! Isso é realidade de todos nós. Em cada um, há uma prisão dessa na qual somos cativos. São nossos medos, limitações, frustrações e outros traços que nos definham, dificultam ou impedem nossa transformação ou acesso à Felicidade. 30.06.11


Hoje acordei com uma leve nostalgia e tristeza... Faz mais de 2 semanas que meu Giallo sumiu! Provavelmente, o mataram como fizeram com Blanc. Sempre é assim, toda vez que meus gatos vão atrás de fêmeas, eles não duram, acabam sumindo. E fica só o vazio preenchido pela inquieta indignação: por que fazem essa maldade? Perdi um filho...  28.06.11


POR DIÓGENES PEREIRA.

domingo, 5 de junho de 2011

Como não se empolgar? [poema]



Acorda, Bonito! É dia de Sol.
E a vida está em toda parte.
Assim, o Domingo me despertou na manhã de hoje...
Sorrindo para mim, me exibindo
Que a noite outrora foi encantadora
E que o dia de agora está transbordando de vontades...
Não é por pouco que a Natureza do Coração
é encontrar Aquele que será
o problema desejado de suas insônias.
E o melhor, a Intuição já indica segura
onde está O Prometido e Desejado!
Ai, a Alma se apressa...
O Espírito é terra fértil,
e ainda improdutiva.
E como toda Fome tem pressa,
A busca com resultado animador por vida
é como a chuva do deserto:
rara, incerta, concentrada e abundante em instantes rápidos.
Urgência por calor! Não dá para se viver sozinho.
É o Outro a Lua que faz das marés Frutos do Mar.
O que fazer? Apenas se permitir aos caprichos
Do que pode vir a ser Amor...
As flores riem contentes...
Após noite de chuva, o dia é de Sol forte;
e muita vida está no ar, na terra, na água!
E que os insetos sejam mais do que estão:
irrompam os limites da racionalidade
e transgridam a normalidade.
Afinal, Loucura é mais que deleite,
é necessidade de quem não quer só passar e passar...



DEDICADO À PESSOA QUE MAIS ME IMPORTA NO MOMENTO. E COMO VIDA É FEITO DE MOMENTOS, CREIO NA INTUIÇÃO DO CORAÇÃO E ACREDITO QUE É MAIS QUE ESPECIAL; É A POSSIBILIDADE DE SONHOS SE TORNAREM VIDAS VIVIDAS. 

Diógenes Pereira. Salvador-Ba, 10h:51min, 05/06/2011.