segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Dito (poema)


vozes dizem: escrever é se esvaziar
pode até ser
sei que, me esgotando,
chego ao aparente fundo do poço
lago que nunca seca
de outros truques emancipados
onde mãos não têm firmeza pensada
seria eu mais um fetiche de fluxos e contracorrentes (pergunta)
ilha. talvez arquipélagos.
certeza, fragmentos.
cheio outra vez do inesvaziável
por palavras que não se esgotam
nem no governo do silêncio
olha o tempo de ditaduras de mim
e revolta de outros
sou nós, aquilo que se define
por coisas que arrisca conhecer
perguntas chamam respostas ansiosas
pelo por vir
que dia é hoje (pergunta)

Dió. ssa-ba, 04.01-2015 às 11h03min
Por dentro, o de fora (poema)


sou casa
dos vãos, apenas últimas colunas
e a borrada lembrança da cama
do gato, restam pêlos
Sol corre tudo
vento limpa que restou
vazio de plenitude que assusta e instiga
posso cair das beiradas
e até passar do teto sem lajes
se despedaçar é o infalível
se reajuntar é ameaça avisada
formigas seguem caminho
com tantas direções, vejo árvore
pelo verso

Dió, ssa-ba, 04.01.2016