Penso, logo me confundo e não paro de me interrogar e perguntar. A dúvida angustiante e interminável é o agora sem fim, que me leva ao cárcere de uma prisão sem muros: o sujeito que sou, não sou, penso ser, sonharia ser, querem que eu seja, desejam que eu não seja, me forçam ser, me esforço para ser, trabalham para que eu não seja, labuto e teimo para ser; e estou por vontade, desejo, sugestão ou imposição do interno ou do externo ora em conflito mútuo ora em cumplicidade conjugal, na voz dum eu verdadeiro, dissimulado, artista, pedinte, puta, mendigo, Irmã-Dulce, Hitler, dramático, trágico, cômico, lírico, épico, piegas, covarde, sanguinário, assassino, suicida, singular, plural, trivial, burlesco, vil, torpe, mesquinho, tacanho, demoníaco, herói, vadio, boêmio, marionete, ativista sob os limites incertos e confusos de um corpo andróide que é o humano.
Dió. ssa-ba, 29/11/2011