Saudade: vocábulo mórfico constituído por sete fonemas, os quais criam o significante que é único em língua portuguesa apenas (não existe em alguma outra língua!), ou seja, idiotismo. Essa unidade lexical possui um significado que exprime muito o que fomos e o que somos como povo, cultura, civilização, desde os tempos remotos do antigo Condado Portucalenses ao grandioso e paradoxal Brasil de então, num continuum rasgado e marcado por muita dor e sangue, e também beleza e alegrias.
Será mesmo que tudo isso é passível de representação por uma palavra somente: saudade? Óbvio que não! Mas é a partir dela que daremos um importante passo a fim de compreender como ocorre a idiossincrasia da Nação Portuguesa em face de sua própria gênese, como mais uma possibilidade de manifestação do humano, em nuances de permissibilidade criativa, multicor e pluriforme.
Segundo um dicionário brasileiro da língua portuguesa, o substantivo feminino saudade denota: lembrança nostálgica de pessoa, situação ou coisa distante, ausente ou extinta; sentimento de pesar pela ausência de um ser querido; e lembranças afetuosas ao objeto de desejo ausente [adaptado]. Logo, chegamos à conclusão de que Saudosismo não é um mero produto derivacional de saudade; mais que isso, é a própria cara de uma Nação que vê, em seu passado longínquo, a esperança reconstrutora para um país, hoje, mergulhado no oceano de esquecimento de seu anonimato angustiante. A saudade daquele Portugal de glórias acompanha toda a história do povo português até a contemporaneidade, portanto.
Contudo, o que me incumbe, aqui, é entender o que foi/é o Saudosismo – redundantemente – Português. Justamente, é ele isto: o passado como tentativa de reconfigurar o presente com a marca de mais positivo; é o Sebastianismo Fênix, sempre retornante; é o (re)cantar Portugal de outrora, inventado em Os Lusíadas de Camões; é o movimento socioliterário que se inicia nos primórdios do século XX, cujo precursor foi o Poeta e Pensador Teixeira Pascoais.
O citado movimento Socioliterário, igualmente conhecido por “Renascença Portuguesa”, cujo órgão oficial foi a revista “A Águia”, tem suas origens alicerçadas num tempo em que Portugal, sob o estigma do Ultimatum, sente-se inseguro e pessimista, emergindo, em seu seio, todo o sentimento saudosista. Em consequência, muitos portugueses, principalmente escritores e outros intelectuais, deprimidos frente ao Portugal do indegustável presente, refugiam-se no passado de virtudes, com o desígnio de reconstruir sua Pátria sob os moldes da potência imperialista quinhentista-seiscentista dos grandes, deslumbrantes e mistificados descobrimentos.
REFERÊNCIAS:
MOISÉS, Carlos Felipe. Roteiro de Leitura: Mensagem de Fernando Pessoa. P. 11 a 24. Ática: São Paulo, 1996.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa. Ediouro: São Paulo, 2000.
Por Diógenes Silva. Salvador-ba, 19 de novembro de 2006. Parte integrante do trabalho de Literatura Portuguesa II, semestre 2006.2. Letras- UFBa.
Será mesmo que tudo isso é passível de representação por uma palavra somente: saudade? Óbvio que não! Mas é a partir dela que daremos um importante passo a fim de compreender como ocorre a idiossincrasia da Nação Portuguesa em face de sua própria gênese, como mais uma possibilidade de manifestação do humano, em nuances de permissibilidade criativa, multicor e pluriforme.
Segundo um dicionário brasileiro da língua portuguesa, o substantivo feminino saudade denota: lembrança nostálgica de pessoa, situação ou coisa distante, ausente ou extinta; sentimento de pesar pela ausência de um ser querido; e lembranças afetuosas ao objeto de desejo ausente [adaptado]. Logo, chegamos à conclusão de que Saudosismo não é um mero produto derivacional de saudade; mais que isso, é a própria cara de uma Nação que vê, em seu passado longínquo, a esperança reconstrutora para um país, hoje, mergulhado no oceano de esquecimento de seu anonimato angustiante. A saudade daquele Portugal de glórias acompanha toda a história do povo português até a contemporaneidade, portanto.
Contudo, o que me incumbe, aqui, é entender o que foi/é o Saudosismo – redundantemente – Português. Justamente, é ele isto: o passado como tentativa de reconfigurar o presente com a marca de mais positivo; é o Sebastianismo Fênix, sempre retornante; é o (re)cantar Portugal de outrora, inventado em Os Lusíadas de Camões; é o movimento socioliterário que se inicia nos primórdios do século XX, cujo precursor foi o Poeta e Pensador Teixeira Pascoais.
O citado movimento Socioliterário, igualmente conhecido por “Renascença Portuguesa”, cujo órgão oficial foi a revista “A Águia”, tem suas origens alicerçadas num tempo em que Portugal, sob o estigma do Ultimatum, sente-se inseguro e pessimista, emergindo, em seu seio, todo o sentimento saudosista. Em consequência, muitos portugueses, principalmente escritores e outros intelectuais, deprimidos frente ao Portugal do indegustável presente, refugiam-se no passado de virtudes, com o desígnio de reconstruir sua Pátria sob os moldes da potência imperialista quinhentista-seiscentista dos grandes, deslumbrantes e mistificados descobrimentos.
REFERÊNCIAS:
MOISÉS, Carlos Felipe. Roteiro de Leitura: Mensagem de Fernando Pessoa. P. 11 a 24. Ática: São Paulo, 1996.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa. Ediouro: São Paulo, 2000.
Por Diógenes Silva. Salvador-ba, 19 de novembro de 2006. Parte integrante do trabalho de Literatura Portuguesa II, semestre 2006.2. Letras- UFBa.
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