segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre as folhas de bananeira [texto abstrato]


De fato, a vida é efêmera. Cada instante não tem par. Quando esse é alcançado pela sensibilidade, algo extraordinário acontece. O humano único e cindidamente forjado cede lugar ao humano conectado a uma única coisa só. Confusão de sensações numa infalível certeza espantosamente consciente de si e de outras tantas coisas. É vida! E, quanto vida, existe o belo em absolutamente tudo. Não ocorre exceção.
A noite é agradável. Fim de inverno nas terras deliciosamente aquecidas daquilo que se poetiza Bahia. O ar corre o corpo por todo, dando um banho relaxante com seu frescor. Se foram as armas. Estou sendo preparado em preparando. O melhor estar por vir. O que em volta há pouco era apenas componentes de paisagem, ganha liberdade e vez. Tudo é senhor de si no interior fantástico e intricadamente interligado. A criação!
O céu ganha veste azulvioleta. Poucas nuvens e ausência de estrelas. A Lua vomita sua soberba e arrogância. Gananciosa e dominadora, mergulhada em vaidade, ilumina o espaço. Ora nuvens passam, encobrem ela totalmente; ora, parcialmente. Sensualidade. Jogo emocionante e sedutor. Por fim, vence a força e a beleza. Lua cheia. Personalidade.
Luz cai sobre seres. Fantasia. Romance. Os limites das criaturas são premiados com outras qualidades. E, sobre as folhas de bananeiras, encantadas pelos raios do Sol noturno, constato que não existe gratuidade. O prazer faz parte, sim, da existência.
A noite mostra seu poderio. Beleza chega com pujança, guarnecida daquilo que mais traz medo. O desconhecido. Desconhecido incrustado naquilo que não se pode ver nem reconhecer. Escuridão.
 O preto ganha cor. Lençol de luz prateada debilmente bronzeia tudo que aqui em baixo está sujeito aos caprichos da incompreendida. Gravidade. Prisão é motivo de sorrisos. Vozes e movimentos vários saiam de todos os lados. Criaturas noturnas faziam seu carnaval. E medo casa com coragem. A festa segue seu embalo.
Alma relaxa e espírito se parte em muitos pedaços... Quanto mais, tanto traz. A hora é do gozo. Gozando, vou além, percorro outras distâncias e mais me aproximo daquilo que menos conheço e mais me maltrato sob os murros da incompreensão burra e covarde. O interior indecifrável de imagem no espelho.
Eu. Você. Ele. Nós. Todos. Tudo. O riso se mistura ao choro. Como é gostoso estar vivo e ter certeza que a morte é mais que certa; está aqui, aí, ali, em toda parte.
Acabei de ver um beijaflordanoite...

Dio. Ssa, 11/set/2011.

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