domingo, 6 de março de 2016

Confusão que não escolhi [POEMA]


Os olhos só podem falhar nestes momentos...

Eles, mesmo tentando, não conseguem

chegar nem sequer ao ar!

Antes, esbarram em visões confusas de vidas engolidas,

outras bebidas ou tantas apenas em emoções projetadas;

e o que vai em busca é a voz,

não a minha, aquela que vem de todas as direções:

uma melodia que escapa do corpo conhecido

através de pedaços de carnes sobre pratos...

restos dum jantar não compartilhado.

De volta, cai em cantos repletos de necessidades 

que não dão explicações.

(E, mesmo onde não existe espelho,

assisto a lágrimas rasgarem os caminhos ocultos do sangue.)

Retornando ao lugar que nunca foi minha partida,

sou esse que é feito condenado eterno:

aquele que possui, e deseja não ter

ou não tem, e quer muito possuir.

O que me resta nessa confusão que não escolhi para mim,

mas sou eu em intimidade constrangedora?

Tentar me jogar de uma janela

que está rente ao chão,

acreditando encontrar pontinhos de liberdades transitórias 

ou a oportunidade finita de descansar 

o peito junto a o calor

que não venha de mim.




Dió, ssa-ba, às 00:37 de 06-fev-2016

Dica: releia após e durante ouvir HALO  de Beyoncé interpretada por uma jovem africana [negra].

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