A cabeça tá meio confusa. Mistura de pensamentos e sensações... O cansaço é notável. Apesar de acordado e já sendo mais de meio-dia, o corpo clama por cama! As olheiras denunciam seguidas noites perdidas. Foram sete intensos dias de festa. Carnaval é carnaval. Mexe com toda a cidade e com todo mundo, mesmo com aqueles que não curtem a folia. Praticamente, tudo e todos se voltam para esse espetáculo popular de alguma forma. O assunto é só esse. Rádio, TV, jornais, revistas, transeuntes, moradores, turistas, todo mundo só fala em carnaval, seja reclamando, seja gloriando. É o momento mais esperado do ano para muita gente. Muitos ficam e curtem, outros tantos viajam. Indiscutível: é o acontecimento!
No carnaval, impera a sensação do liberalismo. A alma se sente solta. Se esquece bom senso e senso de ridículo, timidez desaparece e até mesmo moral vai pro espaço. – Aliás, é necessário mesmo moral numa festa onde é a carne que manda? Babado! – A imaginação aflora vigorosa. Os hormônios fervem! Muita coisa é permitida e quantas coisas não acontecem, heim? Ai se os postes, os becos, os banheiros, os cantinhos, as praias e o mar pudessem falar... (risos) Com certeza, surpresa e espanto não iam faltar: Fulana fez isso? Menina, quem diria... E Sicrano, você soube? Ele aconteceu! Vi ele pegando na... Imagine quantas histórias não aconteceram nos muitos e variados cantos dessa cidade. Assunto é que não acaba pras rodadas de cerveja do boteco nem pros salões de beleza. Durante um tempinho mais, ainda é o carnaval o centro das atenções; melhor: o que ocorreu nele. Ah, sem falar que é a saudade que fica, né? Ai se as fotos pudessem se mover... Nem te conto, amiga! Babado fortíssimo! (risos) Mal a folia acabou, e muita gente já está pensando na próxima. Te espero paruano. (risos)
Passada toda a agitação e euforia próprias da festa de Momo, corpo debilitado e mente ou preocupada com os excessos e besteiras cometidos ou ainda delirante com as experiências e descobertas deliciadas, resta mesmo é a miserável Quinta-feira pós quarta de cinzas. É hora de encarar a dureza da realidade do cotidiano e voltar a trabalhar, a estudar ou ao ócio. Rotina está à espera ansiosíssima. Agora sim o ano começou pro baiano e pra baiana. Antes do carnaval, todo mundo tá só no speed dele: dieta, lipo, academia, planos, pensando onde vai sair, com quem, qual bloco, que camarote, que fantasia usar, quantos(as) pegar, o que não deixar de fazer... Se não tem grana, arruma. Vamos parcelar tudo, estourar o cartão de crédito, lançar cheque após cheque na praça na doideira mesmo sem se preocupar com fundos, pegar empréstimo é a onda do momento. Todo esforço é pouco. É carnaval, porra! Tá louco? Não posso deixar de ir. Depois a gente resolve o resto. (risos) Nessa, a parada vai crescendo, acumulando, inchando e é em março que tudo explode! A desgraceira já tá na tomando café com você, almoçando junto com você, fazendo companhia a você no jantar. Não tem pra onde correr, papito! Problema, mainha. Ops! É no plural: problemas! (risos)
Tem um Anador ou uma Novalgina aí? Ai se não fosse as lembranças boas e até as ruins, acho que carnaval não valeria à pena, mas vale, sim! – Porque depois do sufoco, qualquer infortúnio vira motivo de piada. Tudo vale como experiência no balanço final; é só risos e gargalhadas. – Me lasquei, mas curti. Agora vamos administrar. É... Será preciso a ajuda dum baita administrador. Desses picudos mesmos, porque o bicho tá pegando... Despencado(a) do mundo de sonhos e delírios maravilhosos, temos que encarar a dureza: dívidas a perder de vista sem saber nem ter como pagar, gravidez fora da hora, viroses, demissão iminente, paixões irremediáveis. Verdade, o paraíso se foi. O inferno é minha vida. Foram- se os trios, os blocos, os cantores, os camarotes, os turistas. Acabou o encanto. Por uma semana pensei ser o Super-homem ou a Mulher Maravilha (talvez até fui! Fiz cada coisa que só um herói ou heroína poderiam... Melhor deixar quéto! (sorriso amarelo)). Agora sou a Gata borralheira ou Patinho Feio. Tô acabado. Que tanta maluquice, como eu pude fazer isso? Bem que dizem: arrependimento é o último a chegar. Só que comigo chegou tão rápido. Aliás, não é bem arrependimento... Também não é o fim do mundo. Acho que tô fazendo dilúvio em tampinha de refrigerante. Cabeça pra cima, peito pra frente. Brasileiro nunca desiste! Não é isso que dizem? Sou brasileiro, caralho! Otimismo nunca é demais. Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Afinal, paruano tem mais! (risos)
Diógenes Silva. Ssa, 19 de fev de 2010
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