quinta-feira, 10 de junho de 2010

Flor do Sertão [poema]

Em pisadas firmes sobre o solo rasgado, ia adentrando a vastidão ressequida até me deparar com flor vivaenergia, a qual não lutava contra sol ou calor, ela era a própria continuação harmônica deles, era o sorriso dissimulado duma outra alegria, disposta ao longo da terra árida em outra sensibilidade, que solicitava intimidade saudades, a partir de então jamais retornei ao mesmo, era a própria experiência, fui alçado além de medo, disseminado em vários campos, germinei coragem e ambicionei explodir, em instantes fui ares, pairei chão, juntei-me a muitos, divulgada já estava toda felicidade, multipliquei tantos que conheci o incontável e aportei na razão do que não tem fim nem inicio, fui lógica distinta, rodando olhar, horizonte nunca parecia tão aqui, o perto era extramim e o longe, a partir de mim, caminhos, conexões, estradas, a sentença era partir, chegar, chegar, partir, movimento, e quis sentir seu cheiro, eis o dia da morte, presencio o desconhecido, fui ele próprio, nunca mais paz, apenas lembranças que não se vão e a vontade de voltar, mas não como antes porque o tempo exige outra barganha, assim foi porque assim deveria ser? Assim é porque assim é. Ordem? Suspenso todos estamos no interior inquieto da dinâmica que somos com tudo, nunca mais tive outra flor em minha sede.

DIÓGENES SILVA

Nenhum comentário:

Postar um comentário