quinta-feira, 10 de junho de 2010

sobre o engomado e passado [poema em prosa]

Avenidas elevados túneis calçadões parques shoppings monumentos escritórios complexos semáforos automóveis anúncios indivíduos mais indivíduos; mais que multidão, praga deles. Não há vez para a pessoa.
Em extinção ou já exterminada sob tantas tendências efêmeras e fugazes? Condenada a errar em perpétuo? Ou o começo de outra criatura que tenta se firmar ainda frouxa? Não existem rosto nem face nem cara nem máscara; apenas têm lados estranhamente simétricos, desencontrados de si e de todos, reluzindo perfeição plástica de sorriso cinematográfico. Ostentação. Choro gritos berros prantos já são meios ineficazes. Indiferença sufoca tudo, até mesmo o obstinado demasiado. Em abafado, paralisia mórbida estou em agonia terrealmente modorrenta daquele frustrado, na beira da resignação, que anseia frígido o que hoje é demais caro: a manifestação sincera e ingênua de vontades profundas recalcadas. Não ocorre por onde escoar; vedados foram todos os pontos de fluxos. Só é possível a condução pré-fabricada – assim fazem com que creiamos, e aceitamos. – E não seja louco de indagar! Não há momento para doideira nem muito menos abertura pra suas alucinações de mundo fantasticamente colorido em formas texturas cheiros sabores. Foram embora as brincadeiras. As crianças são lendas. É a contramão. Por favor, migalhas de seu croissant?

DIÓGENES SILVA

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