quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ver é sentir dentro [texto abstrato]

                                                        Ando muito... Muitas coisas me chegam à atenção e até mesmo m’incomodam. Já me perguntei sobre a razão e enigma de várias coisinhas. Aliás, minha cabeça não pára. Sempre estou pensando... Imaginando... Devaneando... Desmantelando... Alicerçando... Moldando... Liberando... Retendo... Me conservando no agora através das imagens do alienígena, tudo aquilo que não é permitido pela conveniência minha a habitar a Nação que faço ser Eu de Mim. Minha realidade é simples. Ela é apenas a rocha prostituta que sonha estar papel abastado, a sair nadando pelo Cosmo, o qual é dito infindo, e das janelas perece tão... Ali! Besteiras! Quem aponta decisiva e levianamente o que sou? O nesciomedonho estrangeiro, que não sabe que minha permissão não é ser, e, sim, estar. Quem é ele pra falar acerca de Mim! Coitado... Ai se ele... Soubesse... Não ultrapassa o limite do suor de Preguiça minha, sendo suas configurações do si uma dilatação de meus Sentidos todos em coito. Me cansa, às vezes, tornar o ineolhável um filamento podível. Minto. É até divertido, me instiga. Confesso, porém, – não quero, por ora, apenas neste instante, ser canalha – em ato pseudohumilde – humildade é castração, espírito tacanho de individuozinho deserdado de personalidade latente: perspectivas de sua imagem –, sou Eu o eterno dependente do espelho – ou é o espelho viciado em meu espectro, exigindo minha sombra aos murmúrios das unhas(?) – Minha Vaidade tenaz faz emergir a Tolerância Arrogante de minha Voz, a qual canta o horizonte possível. Não há dúvidas: é minha Ociosidade o fazedor da energia. Sou Eu o mundo, o mundo sou Eu! Eis aí a tautologia que elucida a alteridade de cores, formas, texturas, odores, sabores, sons que a existência faz de si: Permissibilidade. Desde o princípio – princípio? – Você e todo resto não passam da saliva salobra e impaciente produto do Desejo meu efervescente e centrífugo.

                                                   A modorra diurna cede lugar à agonia da noite. É o hodierno! Estou angustiado... – ou sou angustiado, ou, quem sabe, me fazem angustiado? Não. Nunca. Jamais. Ninguém me faz! Não sou fabricado por outrem em Mim. Eu que me torno agitação. Não sou passivo (penso: passivo e ativo, conceitos de gente topograficamente rasteira; ambos se confundem no interior da Lascividade revigorante!). Vixe, como me mostro rotulador! Eu posso, sou Ação, e não somente estou ação; mais que isso, o próprio apartheid, multifuncional. Sou continuum em latim dos Césares. Estou além d’O Everest e sou mais mistério que As Marianas. Não sou tipo. Me construo Ser constantemente transeunte entre as dimensões possíveis. – ... O Nada me assusta! – o Nada? O que é isso? Minha Construção não me ensinou nada sobre o Nada. Ainda sou pueril, estou vulnerabilidade – Com ele vazo gota a gota e me torno Sertão Outro. – Meu Deus, sou frágil? Não! Sou Lua e suas fases, intempéries do Metamórfico. Devagar... Isso aqui não é discurso poético. Renuncio a ele! Faço a razão em instantes. Feito: sou Poesia, tudo a é. Voltas e retornos – e as idas?
                                                    Não sei o motivo de me produzir Euimagético – como me submeto ao ridículo! – Vivo de Imagens, por Imagens. Tudo é Imagens? Imagens é o universo. Minha mente lateja, e tem sede, e quer fome. Atraído sou pros’olhares. O olhar do gato me deslumbra... Através dele, fascinado, devasso as frestas da dúvida, que fazem do Afetado o menino dos seus medos; mais: a sua própria voz que jamais é esporrada. Tenho muitos medos. E quem não tem? Não só tenho, mas possuo em Mim o Medo, principalmente do que é feito tosco, e singelo, e burlesco. A Barata me paralisa! A Barata me choca! Ela e sua Indiferença Superior. Ela é excelsa mor. Humilha-me com sua coragem. Ser ousado que faz do mundo de migalhas a Amazônia Romana; lugarsemlimites que se mantém vivamente rastejante em agora legítimo, diacrônico. A Barata me induz ao devir idiossincrático. Rainha de suas Direções aparentemente desgovernadas e ingênuas, ela me mostra ser eu a mínima fração de bolo caído ao chão, que logo-logo se torna bosta sua. Retorno. Adubo sou por todo. Necessário sou à Fertilização. Por essência, sou combustível. Desejo estar Banquete! Minhas fronteiras corpóreas são atraentes. A Alfândega é taciturna. A Barata finge sapientemente não saber – não é nada tola –, mas precisa de mim tanto quanto o parasita clama pelo seu hospedeiro. Tudo não passa de Maquinaçõesbarata para promover, fomentar, instituir o Batuque da sedução, ao qual já estamos completamente arraigados dos pés aos cimos, entorpecidos na subida para morte, altar elevadíssimo! Morrer é bom. Diga os franceses que têm a pequenamorte. Como sou francês... Não. Mais, muito mais! Não sou subestimável Eu a Mim.
                                   Passei, passo, estou passando – gerúndio em máxima manifestação – pelo interior baratídico. Roço lascivamente em suas entranhas. Nos possibilitamos mutuamente ao coito em amplas nuances. Aglutinado ao Mucobarata me apresento. Meu nome é Vitamina, mistura íntima de moléculas que se cristalizam em átomos conservadores. Ainda! Releio África. Sou Citações a todo giro de olhar ou hesitação do ficar; além, transformação insaciável, buliçosa por si só. Já fui Barata, estou Barata, sou Barata. Evoco Kafka. Ai, o que seria de nós se Kafka não chorasse! Só quem pare as lágrimas tem o prazer de degustar a dor pululante, evasiva da medula em direçãorio aos pêlos, anunciando que Clarice ainda se encontra fato em cada pegada teimada por nós sobre o espaço-tempo, Mani-fest<(a)>ção Quimérica. Sofrer é bom! – È? Hum... – É dé-lícia deixar a loucura escorrer... O louco é devir revigorante. Sou o que sou porque me assumo Loucoexistência. A Conveniência da Permissão é Loucadepau! Somos todos Loucos, logo ocorremos Fato, Ato, Imagens, Coisas, Existência.
                                Mandem a extirpação. Podem trazer a humanidade. Sou a Mosca que nunca tem fim; morre, e volta, e retorna, e chaga, e incomoda, Simulacro Nãoerrante da Fênix. Cinza é Fertilização. Ai de Mim! Me des-cobri canônico. Também... Sou Narcísico. Não esqueça: sou Translação. O latim Vulgu se irradia por meus Atos. Meu país é o caminhar dé-licioso: Arroxa dos marginal(izado/izante). Eu arroxo, você arroxa, ele arroxa, agente (não quero “a gente”) arroxa, vocês arroxa, eles arroxa. Maravilhosa língua que faz dos brasileiros o que são. Simples se mostra, expressiva se exibe. Produzimos os arroxa da vida. O sonho da permanência eterna que seduz toda face, no instante, já é possível. Não tem (não gosto de “há”) guerra nuclear que nos transmute ao Nada – o Nada pode ou deve ser maravilhoso. – Em fim de inspirar e começo de expirar, vou fazer (não desejo “farei”) o Nada. Nada é gratuito, tudo é construção. Não é à toa que o Nada ronda minha Ficção, que faço Real, refazendo Ficção. Não creio no acaso – ser ou não ser não é mais a questão. –Fazer-se, ou se fazer, ao sabor do Quero é a Ordem. Já corre dentro das veias e mora nos tecidos. Barata somos. Sobrevivemos, -mos e -remos a todo ataque, menos a Chinelada. Não me pise. Olhe pro chão! Eu vigio sua base. Sustento suas colunas. Lembre: sou Partículas Elementares, Permissibilidade, somos Universo. Você acabou de se enxergar por Mim. Meu interior é seu continente, seguramente perigoso. Selamos o Segredo. Calma! Silêncio. Deixemos o Mar re-tornar pro Rio. Quê sede...

Por Diógenes Silva. Salvador, 22 de julho de 2006.

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