quinta-feira, 10 de junho de 2010

já estou forçado [poema]

Não tem mais dúvidas

Monstro sou

É assim que meu útero

Nesciamente me vê

Um monstro

Dilacerado pelas bases me encontro

Ruído na estima estou eu a mim

Não possuo o que de natural é a todos

Sou filho da desgraça, dor, frustração

Me amargura o olhar seco

E indiferente dirigido à pessoa

Que não sei mais se ainda sou eu

Onde estou? Quem sou?

Um só em meio um bocado de agentes inibidores do eu meu

Vivo onde não poderia ter vida

Pessoa mais corajosa não existe: sou eu

Tudo parece perdido

Consternado pela minha mente

Tento sair pelos fundos

E erguer o crânio

Sem saber ao menos como continuar

Tudo bem

Já estou forçado mesmo a crer

Sou monstro

E devo me apresentar assim

De tanto pensarem e falarem

Devo ser mesmo um monstro

Vou dar, logo, a eles o que querem eles

Um monstro!

Deus, tenha pena

Dessas putas almas.


DIÓGENES SILVA

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